Carta de Apresentação 

09/abril de 2013 - 20hs53min, dia e hora em que minha vida virou de cabeça para baixo.

 Para quem nMarisa Deppman 4516ão sabe, sou mãe do jovem universitário Victor Hugo Deppman, que infelizmente na data e hora supra citada, foi vítima de latrocínio praticado por um menor/bandido com 17 anos, 11 meses e 27 dias, crime que ficou conhecido como “roubo do celular”; sim a vida do meu filho valeu um celular.

                        Nas horas angustiantes que passei no hospital, um policial militar procurou-me para perguntar do meu filho e disse algo que ficou martelando na minha cabeça: “por dia mais de 10 pessoas são vítimas de latrocínio praticado por menores, veja a estatística da polícia”. No IML também, tratam o latrocínio como fato corriqueiro, eu não aceitava, como não aceito isso, é a barbárie.

                        No velório, aos pés do meu filho, jurei-lhe que não seria mais um número na estatística policial, que eu iria, como vou, fazer algo para mudar isso. Começou então uma luta bastante dolorida, pois para poder fazer algo eu tinha que me expor, falar da minha dor, dos meus sentimentos, e acreditem, não foi nem está sendo fácil...

                        Diante da repercussão do caso e de minha aparição nas diversas mídias, surgiu um movimento forte pela “Redução da Maioridade Penal”, eu mergulhei de cabeça no movimento e pude constatar que nossos Congressistas Federais nada faziam diante da indignação popular. Foi nesse tempo que juntamente com um amigo juiz fizemos um Projeto de Lei para redução da maioridade penal; pagamento pelo Estado de indenização para a vítima ou seus familiares e algumas mudanças na Lei das Execuções Penais. O Projeto foi entregue a um deputado federal que não deu continuidade a ele.  

                        Em 27/08/2013, a convite da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, estive em Brasília para participar de um Painel sobre Redução da Maioridade Penal, onde fiz um discurso forte e incisivo sobre a atuação dos diversos órgãos governamentais no problema do menor na criminalidade e também da atuação das entidades de Direitos Humanos sob o ponto de vista das vítimas e seus familiares. 

                        Vários foram os deputados e senadores que se solidarizaram com o que disse, mas de prático nada fizeram, como não foi feito até hoje.

                        Como ouvi de diversas autoridades que redução da maioridade penal é um tema sensível e que durante o governo PT ele não seria seriamente discutido, e que ainda caso o fosse, a redução não seria aprovada em votação no congresso federal porque o governo entende que se trata de Emenda Constitucional.

                        Mas, como prometi ao Victor, pensei em outro modo de fazer com que os menores paguem com justiça pelos crimes por eles cometidos.

                         Em conversa com um promotor da Vara da Infância e Juventude da Baixada Santista, surgiu à idéia de mudar o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, por tratar-se de lei e ter uma votação mais fácil no congresso federal. Fiz novo Projeto de Lei e entreguei nas mãos de outro Deputado Federal para dar encaminhamento, mas novamente frustração, o projeto não andou. Parece que só quem passa pela tragédia quer mudanças, nossos congressistas pouco se importam.

                         Não sou pessoa de desistir, pelo contrário, minha promessa é minha motivação de viver, além do que, não quero que mais ninguém passe pelo que eu e minha família estamos passando. Ninguém merece viver uma tragédia.      

                         Enfim, meu desejo de mudanças nas leis penais motivado pela tragédia que vive é que me impulsiona e motiva a entrar de cabeça na política para lutar por uma sociedade mais justa, por um Brasil melhor.